Elemento Água: Iemanjá.
Representação popular de Iemanjá no Candomblé e Umbanda |
Yemanjá ou Iemanjá é um orixá africano, cujo nome dereiva da expressão yorubá Yéyé Omo ejá (“Mãe cujos filhos são
peixes”), identificada no jogo do merindilogun pelos obus ejibe e ossá. É
representado no candomblé através do assentamento sagrado denomindao igba yemanja.
África
Na mitologia
yorubá, o dono do mar é Olokun, que é pai de Iemanjá, sendo ambos de origem
Egbá. Yemojá é saudada como Odò (rio)
ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação
com Olokun, orixá do mar (masculino no Benim e feminino em Ifé), referida como
sendo a “rainha do mar” em outros países. É cultuada no rio Ógún, em Abeokuta.
História
Pierre Verger,
no livro Dieux d’Afrique, registrou:
“Iemajá é o orixá das águas doces e salgadas dos Egbá, uma nação yorubá
estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio
Yemoja. As gerras entre nações yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção
oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o
rio, mas transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do axé da
divindade. O rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a
nova morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com
Ògún (ogum), o orixá do ferro e dos ferreiros.”
Brasil
No Brasil, a
orixá goza de grande popularidade entre os seguidores de religiões
afro-brasileiras e até por membros de religiões distintas.
Em Salvador,
ocorre anualmente, no dia 2 de Fevereiro, a maior festa do país em homenagem à
“Rainha do Mar”. A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de
branco, saem em procissão até o templo-mor, localizado próximo à foz do rio
Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais como espelhos,
bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de agrados. Todavia, na cidade de
São Gonçalo, os festejos acontecem no dia 10 de Fevereiro.
Outra festa
importante dedicada a Iemanjá ocorre durante a passagem de ano no Rio de
Janeiro. Milhares de pessoas comparecem e depositam, no mar, oferendas para a
divindade. A celebração também inclui o tradicional “banho de pipoca” e as sete
ondas que os fiéis, ou até mesmo seguidores de outras religiões, pulam como
forma de pedir sorte è orixá.
Na umbanda, é
considerada a divindade do mar.
“Iemanjá,
rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e
Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras
misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África,
saudades dos dias livres na floresta.” – Jorge Amado.
No ano de
2008, dia 2 de Fevereiro, a Festa de Iemanjá do Rio Vermelho, na Bahia,
coincidiu com o carnaval. Os desfiles de trios elétricos foram desviados da
região até o fim da tarde, para que as duas festas acontecessem ao mesmo tempo.
Antecedendo o réveillon de 2008, devotos da Orixá das
águas, estiveram nesse momento, com suas preces dirigidas a um arranha-céus, em
forma de um monólito negro, na Praia do leme, em Copacabana, onde era costume,
no último minuto do ano, surgir uma cascata de fogo, no topo desse monólito,
iluminando o entorno bem como as oferendas.
Todo réveillon, principalmente na cidade do
Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, milhares de pessoas se reúnem para
cantar e presentear Iemanjá, jogando presentes e rosas no mar.
Além da grande
diversidade de nomes africanos pelos quais Iemanjá é conhecida, a forma
portuguesa Janaína também é utilizada, embora em raras ocasiões. A alcunha,
criada durante a escravidão, foi a maneira mais branda de “sincretismo”
encontrada pelo negro para a perpetuação de seus cultos tradicionais sem a
intervenção de seus senhores, que consideravam inadimissíveis tais
“manifestações pagãs” em suas propriedades. Embora tal invocação tenha caído em
desuso, várias composições de autoria popular foram realizadas de forma a
saudar a “Janaína do Mar” e como canções litúrgicas.
Pela primeira
vez, em 2 de Fevereiro de 2010, uma escultura de uma sereia negra, criada pelo
artista plástico Washington Santana, foi escolhida para representação de
Iemanjá no grande e tradicional presente da festa do Rio Vermelho, em Salvador,
na Bahia, no Brasil, em homenagem à África e à religião afrodescendente.
Arquétipo
Seus filhos e
filhas são serenos, maternais, sinceros e ajudam a todos sem exceção. Gostam
muito de ordem, hierarquia e disciplina. São ingênuos e calmos até demais, mas,
quando se enfurecem, são como as ondas do mar, que batem sem saber onde vão
parar. São vaidosos mais com os cabelos. Suas filhas sabem seduzir e encantar
com a beleza e mistérios de uma sereia. Geralmente, as filhas de Iemanjá têm
dificuldade em ter filhos, pois já são mães de coração de todos.
Qualidades
Yemowô – que,
na África, é mulher de Oxalá;
Iyamassê – é a
mãe de Sàngó;
Yewa – rio africano
paralelo ao rio Ògún e que frequentemente é confundido em algumas lendas com
Yemanjá;
Olossa – lagoa
africana na qual deságuam os rios Yewa e Ògún;
Iemanjá Ogunté
– que casa com Ógún Alagbedé;
Iemanjá Asèssu
– muito voluntariosa e respeitável;
Iemanjá Saba
ou Assabá – esta sempre fiando algodão é a mais velha;
Dia:
Sexta-feira.
Data: 2 de
Fevereiro
Metal: Prata e
prateados.
Cor: Azul no
Candomblé e Branco na Umbanda.
Comida: Manjar
branco, acaçá, peixe de água salgada, bolo de arroz, ebôya, ebô e vários tipos
de furá, melancia, cocada branca.
Arquétipo dos
seus filhos: Voluntarioso, fortes, rigorosos, protetores, caridosos, solidários
em extremo, ingênuos, amigo, tímido, vaidosos com os cabelos principalmente,
altivos, temperamentais, algumas vezes impetuosos e dominadores e tem um certo
medo do mar.
Símbolo: Abadé
prateado, alfange, agadá, obé, peixe, couraça, adê, braceletes e pulseiras.
Sincretismo
Existe um
sincretismo entre as santas católicas: Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa
Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Glória, e a Orixá da Mitologia Africana
Iemanjá. Em alguns momentos,
inclusive festas em homenagem as duas se fundem. No Brasil, tanto Nossa Senhora
dos Navegantes como Iemanjá tem sua data festiva no dia 2 de Fevereiro. Costuma-se
festejar o dia que lhe é dedicado, com uma grande procissão fluvial.
Uma das
maiores festas ocorre em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, devido ao
sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes. No mesmo estado, em Pelotas a
imagem de Nossa Senhora dos Navegantes vai até o Porto de Pelotas. Antes do
encerramento da festividade católica acontece um dos momentos mais marcantes da
festa de Nossa Senhora dos Navegantes em Pelotas, que em 2008 chegou à 77ª
edição. As embarcações param e são recebidas por umbandistas que carregam a
imagem de Iemanjá, proporcionando um encontro ecumênico assistido da orla por
várias pessoas.
No dia 8 de
Dezembro, outra festa é realizada à beira mar baiana: a Festa de Nossa Senhora
da Conceição da Praia. Esse dia, 8 de Dezembro, é dedicado à padroeira da
Bahia, Nossa senhora da Conceição da Praia, sendo feriado municipal em
Salvador. Também nesta data é realizado, na Pedra Furada, no monte Serrat em
Salvador, o presente de Iemanjá, uma manifestação popular que tem origem na
devoção dos pescadores locais à Rainha do Mar – também conhecida como Janaína.
Na capital da
Paraíba, a cidade de João Pessoa, o feriado municipal consagrado a Nossa
Senhora da Conceição, 8 de Dezembro, é o dia de tradicional festa em homenagem
a Iemanjá. Todos os anos, na Praia de Tambaú, instala-se um palco circular
cercado de bandeiras e fitas azuis e brancas ao redor do qual se aglomeram
fiéis oriundos de várias partes do Estado e curiosos para assistir ao desfile
dos orixás e, principalmente, da homenageada. Pela praia, encontram-se burados
com velas acesas, flores e presentes. Em 2008, segundo os organizadores da
festa, 100 mil pessoas compareceram ao local.
Festa
do Rio Vermelho
A tradicional
Festa de Iemanjá na cidade de Salvador, capital da Bahia, tem lugar na praia do
Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro. Na mesma data, Iemanjá também é cultuada
em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são oferecidas velas e flores,
lançadas ao mar em pequenos barcos artesanais.
A festa
católica acontece na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade
Baixa, enquanto os terreiros de candomblé e umbanda fazem divisões cercadas com
cordas, fitas e flores nas praias, delimitando espaço para as casa de santos
que realizarão seus trabalhos na areia.
Em porto
Alegre a Festa de Nossa senhora dos Navegantes é a maior festa religiosa da
cidade brasileira do sul do Brasil, e homenageia Nossa Senhora dos Navegantes e
seu sincretismo afro-brasileiro. É realizada no dia 2 de Fevereiro de cada ano
desde 1870. Originalmente constava de uma procissão fluvial, com embarcações
que singravam o Lago Guaíba desde o cais do porto, levando a imagem da santa do
centro da cidade até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Hoje, por
determinação impeditiva da Capitania dos Portos, a procissão é terrestre,
levando a imagem desde a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no centro da
cidade, até a Igreja de Nossa senhora dos Navegantes. Os organizadores da festa
consideram que esta é a segunda maior romaria religiosa do País, ficando atrás
apenas do Círio de Nazaré realizada em Belém do Pará. Com uma grande
participação popular tanto na realização da festa, como nas comemorações.
Cuba
Em Cuba,
Yemanyá também possui as cores azul e branca, é uma rainha do mar negra, assume
o nome cristão de La Virgen de la Regla
e faz parte da santeria como santa padroeira dos portos de Havana.
Lydia Cabrera
fala em sete nomes igualmente, especificando que apenas uma Iemanjá existe, à
qual se chega por sete caminhos. Seu nome indica o lugar onde ela se encontra.
Curiosidade
Iemanjá é citada logo no inicio da peça, O bem-amado de Dias Gomes, como nome de Janaína.
“...DERMEVAL indicando o defunto: Mestre Leonel?
MESTRE AMBRÓSIO: É. Embarcou, coitado.
DERMEVAL dirige-se a venda: No mar?
MESTRE AMBRÓSIO: Qui-o-quê. Janaína quis saber dele não. Esticou em terra mesmo...”
O bem-amado, Dias Gomes, Primeiro Quadro
Filhos
de Iemanjá
Alexandre Borges – Ator
Aracy Balabanian – Atriz
Cacá Rosset – Ator
Débora Falabella – Atriz
Édson Celulari – Ator
Gabriel o pensador – Cantor
José Serra – Político
Juca de Oliveira – Ator
Letícia Sabatella – Atriz
Marcos Caruso – Ator
Marjorie Estiano – Atriz
Natália do Valle – Atriz
Paulo José – Ator
Regina Casé – Apresentadora
Tetê Espíndola – Cantora
Thiaguinho – Cantor
Tom Cavalcante – Humorista
Zico – Ex-jogador de futebol
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