sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dia 06 de Setembro de 2013 – Parte Final

Elemento Ar Oxalá.


Assentamentos de Oxaguian e Oxalufan no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi.


Oxalá é o Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço (chamado Oxaguian, identificado no jogo de meridilogun pelo odu ejionile) e velho (chamado Oxalufan e identificado pelo odu ofun e ejiokô). No candomblé, este é representado material e imaterialmente pelo assentamento sagrado denominado igba oxalá.
Os símbolos do primeiro são uma idá (espada), “mão de pilão” e um escudo; o símbolo do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado opaxorô.
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul; a de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertencem os olhos que veem tudo.

Arquétipo
As pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrarias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados. Perdoam facilmente, sabem ver que sentimentos negativos só atrasam. Sabem conquistar com seu jeitinho elegante e sincero. São calmos e dóceis, andam com a postura reta, que representa sua natural elegância. Tem gostos caros e apreciam um bom vinho.

Lenda: Oxalá e o saco da criação
Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Essa missão, porém, não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.
Oxalá pôs-se a caminho apoiado em um grande cajado o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do Orun, encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se, e provocou-lhe uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar sua sede.
Era o vinho de palma também conhecido como (“emu” e “oguro”) o qual Oxalá bebeu intensamente. Bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà, que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e, em seguida, foi à procura de Olodumaré para mostrar o que achara e contar em que estado Oxalá se encontrava.

Olodumaré disse então que “se ele está neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo da água, e ai deixou cair do saco o que estava dentro. Era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas.
Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água; onde ciscava, cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em yoruba se diz Ile’nfê, expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê-Ifê.
Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás, e tornou-se, assim, rei da terra.
Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Desesperado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu-o, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos sere humanos nos quais ele, Olobumaré insuflaria a vida.

Lenda: A viagem de Oxalufam
Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyo em visita a Xangô seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal.
Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o, então, a levar consigo três panos brancos, lomi-da-costa ou sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.
Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exu três vezes. Três vezes Exu solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exu, carregando seus fardos imundos. E, por três vezes, Exu fez Oxalufam sujar-se de sal, azeite de dendê e carvão. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exu. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.

Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas, neste momento, chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam como cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram-no e prenderam-no. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.
Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô, desesperado, procurou um babalaô, que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.
Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era seu pai Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco, e que todos permanecessem em silêncio, pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e encarregou Airá de carregar o velho rei nas costas. Levou-o para as festas em sua homenagem e todo opovo saudava Oxalá e Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa levado por Airá e, quando chegou seu filho, Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.

África
Obatalá, Osala, Osalufon, Osagiyan e Osa-Popo, todos eles denominados Òrìsà funfun (branco), devido à cor que os simboliza, a branca. Obatalá e Odudua são associados de diversas maneiras nos mitos da criação.
Bàbá Epe
Orixá Oko
Lejúgbè
Ajàgúnán
Òsàfuru
Elémosó
AkajaPriku
Òsàìgbò
Indako
Bàbá Talabí
Bàbá Àjàlé
Orixá-Nlá
Obatalá
Odudua
Oxalufan
Oxaguian
Orixá okô
Em língua árabe “wa xá illah”, com o significado de “queira Deus”, interjeição que exprime o dejeso de que certa coisa suceda; tomara, queira Deus (in: Dicionário da Língua Portuguesa – Larousse Cultural)

Brasil
Oxalá, Obatalá, Orixalá, Orixa-nlá.
Oxalá é um nome genérico de vários Òrìxá funfun (branco), como são chamados diversos Orixás africanos no Brasil relacionados à cor branca e à criação do mundo.
Os filhos de oxalá têm algumas restrições, Ewo, Quizila:

De acordo com as lendas, oxalá embriagou-se várias vezes com vinho de palma, fato que tornou a bebida alcoólica uma das restrições. Por causa de outra lenda, em que Exu suja suas roupas brancas por três vezes com sal, azeite de dendê e carvão, estes elementos também se tornaram restritos aos filhos de Oxalá. Nenhuma comida de Oxalá leva sal ou dendê. Um filho de Oxalá jamais deverá usar roupas pretas ou vermelhas, por serem essas as cores de Exu. Também em função das lendas, o dia de oxalá é a sexta-feira. No candomblé, tanto no Brasil quanto em outros países, todos os iniciados e frequentadores costumam vestir-se de branco em homenagem a Oxalá. Os filhos de Oxalá não comem comida de sal e muitos adotaram não comer carne na sexta-feira (somente peixe). Contudo, também se acredita que esse costume tenha relação com a Igreja Católica e o sincretismo de Oxalá com o Senhor do Bonfim na Bahia, costume também adotado pelos restaurantes em que nas sextas-feiras servem a pescada branca com molho de camarão.

Filhos de Oxalá
Alexandre Pires – Cantor
Aline Moraes – Atriz
Cássia Kiss – Atriz
Cláudia Raia – Atriz
Eri Johnson – Ator
Giulia Gam – Atriz
Jô Soares – Apresentador
Maria Alice Vergueiro – Atriz
Mel Lisboa – Atriz
Miguel Paiva – Cartunista
Natália Guimarães – Miss Brasil
Nicete Bruno – Atriz
Pedro Cardoso – Ator
Rita Lee – Cantora
Selton Mello – Ator
Simone – Cantora
Taumaturgo Ferreira – Ator
Thiago Lacerda – Ator

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dia 30 de Agosto de 2013 – Parte III

Elemento Terra: Omulu.

Manifestação de Omolu Obaluaye. No candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi
Omolu é um orixá nagô cultuado em religiões de matriz africana.

História
Olomu, na África, é considerado junto à sua mãe Nanã, o Orixá da morte. Se não é aquele que faz a transição do espírito que desencarnou, é o responsável pela morte dos enfermos. Em época de várias mortes com a varíola, foi responsabilizado pela morte de milhões de pessoas, sendo conhecido como o Orixá (ou FAUZER) da varíola.
É considerado o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual. Seus filhos são sérios, quietos, calados, alegres de vez em quando, ingênuos demais, porem espertos e observadores e um tanto teimoso. Seus filhos agem como pessoas muito idosas, são lentos e tem hábitos de pessoas muito velhas. Seus filhos também tem muitos problemas de saúde.
Mas assim como Omolu pode trazer a doença, ele também a leva. Os devotos lhe atribuem curas milagrosas, realizando oferendas de pipocas, o deburu ou doburu, em sua homenagem ou jogando-as sobre o doente como descarrego.

Em algumas casas de santo, as pipocas são estouradas em panelas com areia da praia aquecida, lembrando a ralação desse orixá com Iemanjá, chamado respeitosamente de tio, principalmente pelo povo da casa branca. Afinal, conta a história que Omolu, muito doente, foi abandonado num rio perto da praia por sua mãe Nanã, por ele ter nascido com grandes deformidades na pele. Iemanjá o toma como filho adotivo e o curou das doenças. Seu amor materno por ele foi tão grande, que ela o criou como seu próprio filho. Por isso, são realizadas oferendas a Omolu nas areias das praias do litoral brasileiro.
Vestido com palha da costa e com contas nas cores vermalha, preta e branca, Omolu dança o opanijé, dança ritual marcada pelo ritmo lento com pausas, enquanto segura em suas mãos o xaxará, instrumento ritual também feito de palha da costa e recoberto de búzios. Em alguns momentos da dança, Omolu espalha os eguns, (espíritos dos mortos) e afasta as doenças, com movimentos rituais.
Omolu também possui relação com Iansã, em especial Oyá Igbalá, qualidade de Iansã que costuma dançar na ponta dos pés e direcionar os eguns para o reino de Omolu.
Junto a Nanã Buruku, Ewá, Oxumaré e Tempo ou (Iroko), forma a família de orixás dahomeana, costuma ser representado às segundas-feiras e sincretizado com os santos católicos São Lázaro e São Bento de Núrsia, patrono da boa morte.
No sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, em especial na Umbanda é sincretizado com São Roque.
No município de Cachoeira (Bahia), Omolu é cultuado pela Irmandade da Boa Morte que faz a lavagem da Igreja de São Lázaro.

Arquétipo
Seus filhos agem com mais idade do que tem pela entidade ser idosa. São irritáveis, mal-humorados e um tanto depressivos. Também são ingênuos, amigos e quando querem divertidos. Também são reservados, calados, observadores e prestativos. Ajudam a todos sem exceção e tem muitos problemas de saúde, que os acompanha desde o nascimento, adoecendo facilmente. Podem ser vingativos, porém perdoam. Tem pensamentos maduros que os ajudam a serem responsáveis e agir conscientemente.
Filhos de Omolu
Desconhecidos.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Dia 30 de Agosto de 2013 – Parte II

Elemento Terra: Nanã.

Nanã - escultura de Carybé em madeira (Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil)
Nana Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Borodo, Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Identidicado no jogo do merindilogun pelos odu ejilobon e representado materialmente pelo candomblé através do assentamento sagrado denominado igba nana.

África

Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omolu, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceram anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho morreria mais rápido.

Nanã é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue, Orixá das águas paradas que mata de repente, ela mata uma cabra sem usar faca. É considerada o Orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar de um Orixá da pré-história, anterior à idade do ferro. O termo “nanan” significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra. Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolu. Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou um Templo Dassa Zoumé e o sacerdote do seu culto.
A área que abrange seu culto é muito vasta e pareceestender-se de leste, alem do rio Níger, até a região Tapá, a oeste, alem do rio Volta, nas regiões dos “guang”, ao nordeste dos Ashanti.
Entre os fon e mahi ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a “serpente do Universo” Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como um vodun masculino (Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.

Brasil
Nana Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé Ketu como um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás Obaluiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.
Nanã é chamada carinhosamente de “Avó”, por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como “Mae-Terra Primordial” dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa Greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele.

A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.
O baobá (“Adansonia digitata L.”, em iorubá ossê e em Fon akapassatin) é sua árvore sagrada.
No sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na Umbanda, é equiparada à Sant’Ana.
Nana no Batuque – RS: Nanã no Batuque (Religião Afro-Gaúcha) é a Iemanjá mais velha de todas, embora não seja Iemanjá.

Arquétipo
São conservadores e presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Passam aos outros a aparência de serem calmos, mudando rapidamente de comportamento, tornando-se guerreiros e agressivos; quando então, podem ser perigosos, o que assusta as pessoas. Levam seu ponto de vista às últimas consequências, tornando teimosia. Quando mãe, são agegadas aos filhos e muito protetoras. São ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco alegre e não gostam de muitas brincadeiras. Os filhos deste grande Orixá são majestosos e seguros nas ações e procuram sempre o caminho da sabedoria e da justiça.

Qualidades de Nanã
Igbayin
Buruku
Igbónán
Asayio
Asanan
Insele
Tinoloko
Ajaosi
Ìkure
Dia: Sábado;
Data: 26 de Julho (dia dos avós no Brasil);
Metal: Latão;
Cores: Branco e azul ou preto e roxo;
Comida: Aberém, mugunzá, mostarda e taioba;
Simbolos: Ibiri e bradjá;
Elementos: Águas paradas e lamacentas;
Região da África: Ex-Daomé;
Pedra: Ametista;
Folhas: Folha-da-costa, folha de mostarda, manacá, ojú oro, oxibatá, papoula roxa e quarana;
Odu que Rege: Odilobá;
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade;
Saudação: Salúba!

As lendas de Nanã
Afirma-se que Nanã era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá desposou-a, mas não ligava para ela. Nana, então, fez um feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho Omolu nasceu todo deformado. Horrorizada, nana jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo. Assim, nasceu Oxumaré, que durante seis meses do ano vive no céu como o Arco-íris, e nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.
Em outra lenda, conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore. Nana então chamava os Eguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu a sua entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que abedecessem “ao homem que vivia com ela” (ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido. Hoje no Culto aos Egungun só os homens são iniciados para invocar os Eguns.

Uma terceira lenda refere que, certa vez, os Orixás se reuniram e começam a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerado que ele é o Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso domésticos e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.

Curiosidades
A cantora Daniela Mercury fez uma canção em homenagem à Iyalorixá Cleusa Millet, filha de Mãe Menininha do Gantois, no álbum Sol da Liberdade. O nome da canção é “Dara” e é interpretada em dueto com a cantora beninense Angélique Kidjo. Mãe Cleusa era filha de Nanã, e a sua voz ficou imortalizada em disco de Maria Bethania.

Dara
Eu vi mulheres comuns
Virando rainhas
Eu vi um povo inteiro
Perseguindo a poesia

Eu vi a rua bela
Bela como elas
Enfeitadas de Nanãs, Iansãs
E Oxuns e Iemanjás

Mori omon kekere towa dje
Olorio
Mori awon arugbo tô na fá kowi
Mori obinrin to dara
Kpelou onan to dara
Monfe ri inanan, iiyansan, ioshun,
Yamandja

Branca
Balança suas ancas
Branca
Da cintura bem-feita

Deita deita e me encanta
Entre congos e sambas
E sambas e congos
Congos e sambas

Preta, preta, preta, preta
Desfile sua nobreza
Mostre sua beleza
Se enfeite
Que a rua se enfeita

Branca, wa djo foun mi o
Mm branca, dje kiri idjore
O wadjo, wadjo, wa korin o
Entre congos e sambas
E sambas e congos
E congos e sambas

Preta, preta, preta, preta
Desfile sua nobreza
Mostre sua beleza
Se enfeite
Que a rua se enfeita

Eu vi a rua bela
Bela como elas
Enfeitadas de Nanãs, Ianãs
E Oxuns e Iemanjás

Daniela Mercury


Filhos de Nanã
Ari Toledo - Humorista
Bruna Lombardi - Atriz
Bruna Marquezine - Atriz
Caetano Veloso - Cantor
Ed Motta - Cantor
Enrique Diaz - Ator
Fábio Assunção - Ator
Fernando Collor - Político
José Wilker - Ator
Marcelo Nova - Cantor
Marcos Palmeiras - Ator
Odair José - Cantor
Raul Gazolla - Ator
Rodrigo Santoro - Ator
Sheila Mello - Dançarina
Tarcísio Filho - Ator
Zagallo - Tecnico de futebol
Zezé di Camargo - Cantor

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Dia 30 de Agosto de 2013 – Parte I

Elemento terra: Oxóssi.

Assentos de Oxóssi e Ossain, no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi
Oxóssi é o orixá da caça e da fartura. É identificado no jogo do merindilogun pelo odu obará e representado nos terreiros de candomblé pelo igba oxossi.

Etimologia
Oxossi veio de iorubá Òşóòsì.

África
Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravisados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.
Aqueles que permaneceram em Ketú deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.

Brasil
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketú, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto “o caçador de uma flecha só”, pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxóssi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto “o caçador de uma flecha só”.
Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.
Ode Ibualama, é uma das maiores qualidades de Oxóssi (qualidade do Oxóssi de Mãe Stella de Oxóssi), marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketú e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.
Oxossi é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo “de fora”, a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Alem, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.
Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para as mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada dia, a alimentação da tribo, costumeiramente cabe aos caçadores.
Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material. É o senhor da inteligência, do conhecimento, da sabedoria e da curiosidade, dizem os mais antigos que Oxóssi é o único orixá que conhece o segredo do mundo fora os Funfuns e Onilé, pois quebrou todos os tabus do mundo, por isso nada passa descorrido pos Oxóssi.
Oxóssi seu nome, que deriva de Òsóòsí, que significa “Feiticeiro da esquerda” ou simplesmente “Feiticeiro”, pois Oxóssi é um grande e apto feiticeiro, aprendeu a lidar com as magias das folhas, dos animais e da natureza, e também após ter descoberto os segredos das Iyámi – Òsóòróngá. Seu nome também pode derivar de Òsò Wúsí que significa “Caçador ou Guardião Popular”, após ter matado um dos pássaros das Eleyés e ter livrado o povo de Ketú do feitiço, razão pela qual se tornou o rei e soberano de Ketú. Também sendo chamado de Odé, Orixá Odé, que seria o Caçador.

Arquétipo
As pessoas consideradas filhas de Oxóssi são alegres, expansivas, preferem agir á noite, como os caçadores. São faladores, égeis e de raciocínio muito rápido. Sabem lutar e alcançar o que almejam, como que lançando uma flecha e acertando o alvo. Sabem se controlar, mas quando raivosos, ferem as pessoas com palavras e atitudes, como se fosse dada uma flechada. Quando amam, são zelosos e fiéis, não toleram ser enganados. São muito trabalhadores e honestos.

Qualidades de Oxóssi
Koifé
Otin
Òdéarólé
Akeran
Ajayipapo
Danadana
Apáòka
Inlè
Irilè
Ibualamo
Isambu
Kare
Onisewe
Inkulé
Infamí
Oreluéré
Etutú
Edjá
Omínòn
Obérùnjá
Sete folhas mais usadas para Oxóssi
Ewê ode
Akoko
Ode akoxu
Etítáré
Iteté
Igbá aja
Bujê

Sincretismo
No Brasil, é sincretizado como São Sebastião. Em Salvador, no dia de Corpus Christi é realizada uma missa chamada de missa de Oxóssi, com a participação das ialorixás do candomblé da Casa Branca do Engenho Velho da Federação.

Cuba
Oxossi (ou Odé) é um orixá da santeria cubana. Representa o caçador infalível.
Ode é uma das deidades da religião yoruba. Na santeria, é sincretizado com São Alberto Magno e São Norberto. Particularmente em Santiago de Cuba, é “Santiago Arcanjo”.

Resumo
Ode é o orixá caçador.

O orixá
É considerado mago ou bruxo. Faz parte dos orixás guerreiros. Suas cores são azul e o coral.

Família
Filho de Obatalá e Yembó. Irmão de Xangô, Ogum e Eleggua. Esposo de Oxum, com quem teve o filho Logunedé.
Oferendas e danças
Sacrifica-se pombas, cabritos, galos, codornas, frangos, veados, galinha-de-angola, cutia, etc.

Haiti
No Haiti, as religiões predominantes são o vodu haitiano e o catolicismo.

Curiosidades
Oxóssi é citado na musica sertaneja A majestade o sabiá, cantada por Roberta Miranda e Chitãozinho e Xororó.

A majestade o sabiá
Meus pensamentos
Tomam formas e viajo
Vou pra onde Deus quiser
Um vídeo-tape que
Dentro de mim retrata
Todo o meu inconsciente
De maneira natural...

Ah! Ah! Ah!
To indo agora
Pr’um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa
Prá deitar
Em minha volta sinfonia
De pardais
Cantando para
A majestade o sabiá
A majestade o sabiá

To indo agora tomar
Banho de cascata
Quero adentrar nas matas
Onde Oxóssi é o Deus
Aqui eu vejo plantas lindas
E selvagens
Todas me dando passagem
Perfumando o corpo meu...

Ah! Ah! Ah!
To indo agora
Pr’um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa
Prá deitar
Em minha volta sinfonia
De pardais
Cantando para
A majestade o sabiá
A majestade o sabiá

Esta viagem dentro de mim
Foi tão linda
Vou voltar a realidade
Prá este mundo de Deus
Pois o meu eu
Esta tão desconhecido
Jamais serei traído
Este mundo sou eu...

Ah! Ah! Ah!
To indo agora
Pr’um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa
Prá deitar
Em minha volta sinfonia
De pardais
Cantando para
A majestade o sabiá
A majestade o sabiá

Roberta Miranda e Chitãozinho e Xororó

Filhos de Oxóssi
Adriana Calcanhoto - Cantora
André Marques - Apresentador
Carlos Casagrande - Ator
Cid Moreira - Apresentador
Emiliano Queiroz - Ator
Fagner - Cantor
Fernanda Montenegro - Atriz
Fernando Scherer (Xuxa) - Nadador
Flávio  Guarnieri - Ator (Filho de Gianfrancesco Guarnieri)
Gal Costa - Cantora
Gloria Perez - Dramaturga
Guta Stresser - Atriz
José Mayer - Ator
Miguel Falabella - Ator
Regina Braga - Atriz
Roberta Miranda - Cantora
Xororó - Cantor
Zé Ramalho - Cantor