terça-feira, 3 de setembro de 2013

Dia 30 de Agosto de 2013 – Parte II

Elemento Terra: Nanã.

Nanã - escultura de Carybé em madeira (Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil)
Nana Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Borodo, Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Identidicado no jogo do merindilogun pelos odu ejilobon e representado materialmente pelo candomblé através do assentamento sagrado denominado igba nana.

África

Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omolu, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceram anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho morreria mais rápido.

Nanã é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue, Orixá das águas paradas que mata de repente, ela mata uma cabra sem usar faca. É considerada o Orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar de um Orixá da pré-história, anterior à idade do ferro. O termo “nanan” significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra. Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolu. Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou um Templo Dassa Zoumé e o sacerdote do seu culto.
A área que abrange seu culto é muito vasta e pareceestender-se de leste, alem do rio Níger, até a região Tapá, a oeste, alem do rio Volta, nas regiões dos “guang”, ao nordeste dos Ashanti.
Entre os fon e mahi ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a “serpente do Universo” Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como um vodun masculino (Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.

Brasil
Nana Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé Ketu como um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás Obaluiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.
Nanã é chamada carinhosamente de “Avó”, por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como “Mae-Terra Primordial” dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa Greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele.

A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.
O baobá (“Adansonia digitata L.”, em iorubá ossê e em Fon akapassatin) é sua árvore sagrada.
No sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na Umbanda, é equiparada à Sant’Ana.
Nana no Batuque – RS: Nanã no Batuque (Religião Afro-Gaúcha) é a Iemanjá mais velha de todas, embora não seja Iemanjá.

Arquétipo
São conservadores e presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Passam aos outros a aparência de serem calmos, mudando rapidamente de comportamento, tornando-se guerreiros e agressivos; quando então, podem ser perigosos, o que assusta as pessoas. Levam seu ponto de vista às últimas consequências, tornando teimosia. Quando mãe, são agegadas aos filhos e muito protetoras. São ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco alegre e não gostam de muitas brincadeiras. Os filhos deste grande Orixá são majestosos e seguros nas ações e procuram sempre o caminho da sabedoria e da justiça.

Qualidades de Nanã
Igbayin
Buruku
Igbónán
Asayio
Asanan
Insele
Tinoloko
Ajaosi
Ìkure
Dia: Sábado;
Data: 26 de Julho (dia dos avós no Brasil);
Metal: Latão;
Cores: Branco e azul ou preto e roxo;
Comida: Aberém, mugunzá, mostarda e taioba;
Simbolos: Ibiri e bradjá;
Elementos: Águas paradas e lamacentas;
Região da África: Ex-Daomé;
Pedra: Ametista;
Folhas: Folha-da-costa, folha de mostarda, manacá, ojú oro, oxibatá, papoula roxa e quarana;
Odu que Rege: Odilobá;
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade;
Saudação: Salúba!

As lendas de Nanã
Afirma-se que Nanã era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá desposou-a, mas não ligava para ela. Nana, então, fez um feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho Omolu nasceu todo deformado. Horrorizada, nana jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo. Assim, nasceu Oxumaré, que durante seis meses do ano vive no céu como o Arco-íris, e nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.
Em outra lenda, conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore. Nana então chamava os Eguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu a sua entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que abedecessem “ao homem que vivia com ela” (ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido. Hoje no Culto aos Egungun só os homens são iniciados para invocar os Eguns.

Uma terceira lenda refere que, certa vez, os Orixás se reuniram e começam a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerado que ele é o Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso domésticos e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.

Curiosidades
A cantora Daniela Mercury fez uma canção em homenagem à Iyalorixá Cleusa Millet, filha de Mãe Menininha do Gantois, no álbum Sol da Liberdade. O nome da canção é “Dara” e é interpretada em dueto com a cantora beninense Angélique Kidjo. Mãe Cleusa era filha de Nanã, e a sua voz ficou imortalizada em disco de Maria Bethania.

Dara
Eu vi mulheres comuns
Virando rainhas
Eu vi um povo inteiro
Perseguindo a poesia

Eu vi a rua bela
Bela como elas
Enfeitadas de Nanãs, Iansãs
E Oxuns e Iemanjás

Mori omon kekere towa dje
Olorio
Mori awon arugbo tô na fá kowi
Mori obinrin to dara
Kpelou onan to dara
Monfe ri inanan, iiyansan, ioshun,
Yamandja

Branca
Balança suas ancas
Branca
Da cintura bem-feita

Deita deita e me encanta
Entre congos e sambas
E sambas e congos
Congos e sambas

Preta, preta, preta, preta
Desfile sua nobreza
Mostre sua beleza
Se enfeite
Que a rua se enfeita

Branca, wa djo foun mi o
Mm branca, dje kiri idjore
O wadjo, wadjo, wa korin o
Entre congos e sambas
E sambas e congos
E congos e sambas

Preta, preta, preta, preta
Desfile sua nobreza
Mostre sua beleza
Se enfeite
Que a rua se enfeita

Eu vi a rua bela
Bela como elas
Enfeitadas de Nanãs, Ianãs
E Oxuns e Iemanjás

Daniela Mercury


Filhos de Nanã
Ari Toledo - Humorista
Bruna Lombardi - Atriz
Bruna Marquezine - Atriz
Caetano Veloso - Cantor
Ed Motta - Cantor
Enrique Diaz - Ator
Fábio Assunção - Ator
Fernando Collor - Político
José Wilker - Ator
Marcelo Nova - Cantor
Marcos Palmeiras - Ator
Odair José - Cantor
Raul Gazolla - Ator
Rodrigo Santoro - Ator
Sheila Mello - Dançarina
Tarcísio Filho - Ator
Zagallo - Tecnico de futebol
Zezé di Camargo - Cantor

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