Festival de Rio Preto dá um passo atrás e acende luz amarela
O 12° Festival Internacional de Teatro de Rio Preto terminou ontem, e o que dele haverá para ser lembrado daqui a alguns anos? Que trabalho merecerá permanecer na memória quando estivermos na fila antes da sessão para uma peça qualquer do FIT 2015 (se chegarmos até lá?) e alguem disser: “nossa, lembra daquele espetáculo...?” Na minha, já adianto, não sobrará nenhuma grande recordação.
Claro que o teatro toca as pessoas de
modo particular e o velho gostei ou não gostei, independente do ano, sempre vai
existir. Há sim alguns poucos pontos a se destacar, como o Teatro Paulo Moura,
a ocupação do coletivo italiano Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas
Richards e a conexão genuína público-artista em alguns trabalhos de rua.
Assim, é evidente e justo que muitas
pessoas estarão lendo este texto e pensando: “eu não concordo, e achei o FIT
muito bacana, muito legal”. Bom, eu não achei este FIT bacana. E não achei este
FIT legal. Na realidade, eu achei este FIT perigoso. Por algumas razões.
Houve um tempo, por volta da terceira ou
quarta edição, quando já havia sido superada a fase de desconfianças e
encantamentos inocentes diante daquela nova proposta e daquele novo formato,
que o festival parecia ter consolidado a ideia de um evento capaz de ser
provocante e popular ao mesmo tempo. De acolher as vanguardas do teatro
brasileiro e mundiale, durante dez dias, mexer de fato com a rotina da uma
cidade de interior paulista.
Esta vocação, que o diferenciava de
outros festivais no pais, o FIT parece estar perdendo, e o temor, especialmente
de quem acompanha desde o começo esta bela trajetória de 12 anos, não é que o
festival de Rio Preto morra, mas que morra uma ideia, um conceito. E o FIT virar
só “mais um” entre tantos.
O passo atrás deste ano se reflete no
desinteresse da mídia nacional, nas poltronas vazias em algumas peças (mesmo
quando contemplada a turma dos “sem-ingressos”), na ausência de críticos e
curadores e na saída de parceiros importantes, como a Petrobras.
A impressão é que o festival deste anno
espelha a forma como a cultura vem sendo tratada em Rio Preto: como algo menor.
Talvez o FIT esteja carecendo de um pouco mais de paixão, comprometimento,
coragem e visão daqueles que atualmente o coordenam. 2012. O ano em que se
acendeu uma luz amarela.
Fonte: www.diarioweb.com.br – Francine Moreno e
Igor Galante – acessado em 15/07/2012
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