Plínio Marcos |
Plínio Marcos de Barros (Santos, 29 de Setembro de 1935 — São Paulo, 29 de Novembro de 1999) foi um escritor brasileiro, autor de inúmeras peças
de teatro, escritas principalmente na época da ditadura
militar. Foi também ator, diretor e jornalista. Foi casado por 25 anos com a jornalista Vera Artaxo, falecida em Julho de 2010.
Biografia
De família
modesta, Plínio Marcos não gostava de estudar e terminou apenas o curso
primário. Foi funileiro, quis ser jogador de futebol, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista, mas foram
as incursões ao mundo do circo, desde os 16 anos, que definiram seus caminhos. Atuou em rádio e também na televisão, em Santos.
Em 1958, por
influência da escritora e jornalista Pagu, começou a se envolver com teatro amador em
Santos. Nesse mesmo ano, impressionado pelo caso verídico de um jovem currado
na cadeia, escreveu sua primeira peça teatral, Barrela. Por sua linguagem crua, ela permaneceria proibida
durante 21 anos após a primeira apresentação.
Em 1960, com 25
anos, foi para São Paulo, onde inicialmente trabalhou como camelô. Depois,
trabalhou em teatro, como ator (apareceu no seriado Falcão Negro da TV Tupi de São Paulo), administrador e faz-tudo, em grupos como o Arena, a companhia de Cacilda
Becker e o teatro de Nydia
Lícia. A partir de 1963, produziu textos para a TV de
Vanguarda, programa da TV Tupi, onde também atuou como técnico. No ano do golpe militar, fez o roteiro do espetáculo Nossa gente, nossa música. Em 1965, conseguiu
encenar Reportagem de um tempo mau,
colagem de textos de vários autores, e que ficou apenas um dia em cartaz.
Plínio Marcos |
Em 1968, participou
como ator da telenovela Beto Rockfeller, vivendo o cômico motorista
Vitório. O personagem seria repetido no cinema e também na telenovela de 1973, A volta de Beto Rockfeller, com menor sucesso. Ainda nos anos
1970, Plínio Marcos voltaria a investir no teatro, chegado ele mesmo a
vender os ingressos na entrada das casas de espetáculo. Ao fim da peça, como a
de Jesus-Homem, ele subia ao
palco e conversava pessoalmente com a plateia.
Na década
de 1980, apesar da censura do governo, que visava principalmente aos artistas, Plínio Marcos viveu
sem fazer concessões, sendo intensamente produtivo e sempre norteado pela
cultura popular. Escreveu nos jornais Última
Hora, Diário
da Noite, Guaru News, Folha
de S. Paulo, Folha da Tarde, Diário do
Povo (Campinas), e também na revista Veja, além de colaborar com diversas publicações, como Opinião, O Pasquim, Versus, Placar e outras.
Depois do
fim da censura, Plínio continuou a escrever romances e peças de teatro, tanto
adulto como infantil. Tornou-se palestrante, chegando a fazer 150
palestras-shows por ano, vestido de preto, portando
um bastão encimado por uma cruz e com aura mística de leitor de tarô.
Plínio
Marcos foi traduzido, publicado e encenado em francês, espanhol, inglês e alemão; estudado em teses de sociolinguística, semiologia, psicologia da religião, dramaturgia e filosofia, em universidades do Brasil e do exterior. Recebeu os principais
prêmios nacionais em todas as atividades que abraçou em teatro, cinema, televisão
e literatura, como ator, diretor, escritor e dramaturgo.
Morreu aos
64 anos, na cidade de São Paulo, por falência múltipla dos órgãos em
decorrência de um derrame cerebral.
Roberto Bomtempo e Débora Falabella da adaptação para cinema da peça Dois perdidos numa noite suja |
Obra teatral
Teatro adulto
Barrela, 1958
Os fantoches, 1960
Jornada de um imbecil até o entendimento (1ª versão)
Enquanto os navios atracam, 1963
Quando
as máquinas param (1ª versão)
Chapéu sobre paralelepípedo para alguém chutar (2ª versão de Os fantoches)
Reportagem de um tempo mau, 1965
Dois perdidos numa noite suja, 1966
Dia virá (1ª versão
de Jesus-homem), 1967
Navalha na carne, 1967
Quando as máquinas param (2ª versão
de Enquanto os navios atracam),
1963
Homens de papel, 1968
Jornada de um imbecil até o entendimento (3ª versão de Os fantoches)
O abajur lilás, 1969
Oração de um pé-de-chinelo, 1969
Balbina de Iansã (musical),
1970
Feira livre (opereta),
1976
Noel Rosa, o poeta da Vila e seus amores (musical), 1977
Jesus-homem, 1978 (2ª
versão de Dia virá, 1967)
Sob o signo da discoteque, 1979
Querô, uma reportagem maldita (adaptação para teatro do romance do mesmo título, escrito em 1976),
1979
Madame Blavatski, 1985
Balada de um palhaço, 1986
A mancha roxa, 1988
A dança final, 1993
O assassinato do anão do caralho grande (adaptação para teatro da novela do mesmo título), 1995
O homem do caminho (monólogo
adaptado de um conto do mesmo título, originalmente intitulado Sempre em Frente), 1996
O bote da loba, 1997
Chico Viola(inacabada),
1997
Teatro infantil
As aventuras do
coelho Gabriel, 1965
O coelho e a onça (história dos bichos brasileiros), 1998
Assembléia dos ratos, 1989
Seja você mesmo (inacabada)
Livros
Navalha na carne (teatro), 1968
Quando as máquinas
param (teatro), 1971
Histórias das
quebradas do mundaréu (contos), 1973
Barrela (teatro) (1976)
Uma Reportagem Maldita - Querô (romance), 1976
Inútil canto e inútil
pranto pelos anjos caídos (contos), 1977
Dois perdidos numa
noite suja (teatro), 1978
Oração para um
pé-de-chinelo (teatro), s/data
Jesus-homem (teatro), 1981
Prisioneiro de uma
canção (contos autobiográficos), 1982
Novas histórias da
Barra do Catimbó (contos), s/d
Madame Blavatski (teatro), 1985
A figurinha e os
soldados da minha rua - histórias populares (relatos
autobiográficos), 1986
Canções e reflexões
de um palhaço (textos curtos), 1987
A mancha roxa (teatro), 1988
Teatro maldito teatro (contém as peças Barrela,
Dois Perdidos Numa Noite Suja e
O Abajur Lilás), 1992
A dança final (teatro), 1994
Ns triha dos
saltimbancos (conto), data imprecisa
O assassinato do anão
do caralho grande (noveleta policial e peça teatral), 1996
Figurinha difícil -
Pornografando e subvertendo (relatos autobiográficos),
1996
O truque dos espelhos (contos autobiográficos), 1999
Coleção melhor teatro (com as peças Barrela, Dois perdidos numa noite suja, Navalha na carne, Abajur lilás, Querô), 2003
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