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Paulo Autran na peça O avarento de Molière |
Paulo Paquet
Autran (Rio de Janeiro, 7 de Setembro de 1922 — São Paulo, 12 de Outubro de
2007) foi um ator brasileiro de teatro, cinema e televisão.
Biografia
Paulo Autran mudou-se cedo
para São Paulo, onde passou a maior parte de sua vida e estudou no Colégio
Marista Arquidiocesano de São Paulo. Depois estudou Direito na capital paulista
por influência do pai - que era delegado de polícia - e formou-se na Faculdade
de Direito do Largo São Francisco em 1945, inicialmente pensando em ser
diplomata.
Desapontando na profissão de
advogado, participou de algumas peças teatrais amadoras, tendo sido convidado a
estrear profissionalmente com a peça Um Deus dormiu lá em casa, de
Guilherme Figueiredo, com direção de Silveira Sampaio, em montagem do Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC). No começo relutou, afirmando não ser ator
profissional. Entretanto, após receber o incentivo de sua amiga Tônia Carrero,
aceitou o desafio. A peça, que estreou para o grande público no dia 13 de
Dezembro de 1949, no Teatro Copacabana, Rio de Janeiro, tornou-se um grande
sucesso, rendendo inclusive alguns prêmios para o jovem ator. Posteriormente, “Um
Deus...” foi novamente montada, dessa vez pela Companhia Tônia-Celi-Autran
(CTCA), com direção de Adolfo Celi, em 1956.
Após seu primeiro êxito
comercial, Autran resolveu largar a advocacia e passou a se dedicar
exclusivamente à carreira artística, dando prioridade ao teatro, sua grande
paixão. Chegou a atuar em alguns filmes e telenovelas, mas foi no palco que
desenvolveu sua arte e se tornou conhecido, vindo a receber o epíteto de “O
Senhor dos Palcos”. No entanto, também teve memoráveis atuações na televisão e
no cinema, em especial por sua participação em Terra em Transe, clássico
de Glauber Rocha.
Ao longo de sua carreira,
estabeleceu importantes parcerias, com diretores como Adolfo Celi, Zbigniew
Ziembiński e Flávio Rangel, e atrizes, como Tônia Carrero.
Na televisão destacou-se em Guerra
dos Sexos, em que contracenava ao lado de Fernanda Montenegro e
protagonizou algumas cenas antológicas da teledramaturgia, e em Pai Herói,
quando viveu o vilão carismático Bruno Baldaraci. Nos últimos anos fez apenas
participações especiais, principalmente em minisséries, a última das quais - Um
Só Coração -, em 2004.
Seu último personagem no
cinema foi no filme O Passado, de Héctor Babenco.
Estreou seu 90º espetáculo em
2006, a peça O Avarento, de Molière, no Teatro Cultura Artística. Essa
peça teve a sua temporada suspensa porque o ator apresentou problemas de saúde.
No ano anterior à sua morte,
Paulo Autran passara por diversas internações, por conta de um câncer de
pulmão. O tratamento (radioterapia e quimioterapia) não o impediu de seguir
atuando em O Avarento - e nem de seguir fumando até quatro maços de
cigarros por dia.
Faleceu aos 85 anos, depois de
sofrer um enfisema pulmonar e por complicações decorrentes do câncer. A pedido
da família, a causa mortis não foi divulgada pela equipe médica que o
acompanhava. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de São Paulo e
cremado no Crematório da Vila Alpina.
Desde 1999, Paulo Autran era
casado com a atriz Karin Rodrigues.
Em 15 de Julho de 2011, a Lei
12.449 o declarou Patrono do Teatro Brasileiro.
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Paulo Autran aos 85 anos |
Carreira artística
No teatro
1947 – “Esquina Perigosa”, de J. B. Priestley
1948 – “A Noite de 16 de Janeiro”, de Ayn
Rand
1949 – “Pif-Paf”, de Abílio Pereira de
Almeida
1949 – “A Mulher do Próximo”, de Abílio
Pereira de Almeida
1949 – “À Margem da Vida”, de Tennessee
Williams
1949 – “Um Deus Dormiu Lá em Casa”, de Guilherme
Figueiredo
1950 – “Helena Fechou a Pota”, de Accioly
Neto
1950 – “Don Juan”, de Guilherme Figueiredo
1950 – “Se Não Chover”, de Henrique Pongetti
1951 – “Seis Personagens à Procura de um Autor”,
de Luigi Pirandello
1951 – “Arsênico e Alfazema”, de Joseph
Kesselring
1951 – “Ralé”, de Máximo Gorki
1951 – “O Grilo na Lareira”, de Charles
Dickens
1951 – “A Dama das Camélias”, de Alexandre
Dumas Filho
1952 – “Diálogo de Surdos”, de Clô Prado
1952 – “Para Onde a Terra Nasce”, de Edgard
da Rocha Miranda.
1952 – “Antígone”, de Sófocles (1º ato) e de Jean
Anouilh (2º ato)
1953 – “Treze à Mesa”, de Marc-Gilbert
Sauvajon
1953 – “Na Terra Como No Céu”, de Fritz
Hochwälder
1953 – “Assim É... Se Lhe Parece”, de Luigi
Pirandello
1953 – “Uma Certa Cabana”, de André Roussin
1954 – “Mortos sem Sepultura”, de Jean-Paul
Sartre
1954 – “Uma Mulher do Outro Mundo”, de Noel
Coward
1954 – “E o Noroeste Soprou”, de Edgard da
Rocha Miranda
1954 – “Leonor de Mendonça”, de Gonçalves
Dias
1955 – “Santa Marta Fabril S. A.”, de Abílio
Pereira de Almeida
1955 – “Profundo Mar Azul”, de Terence
Rattigan
1955 – “Inimigos Íntimos”, de Pierre Barillet
e J.P. Grédy
1956 – “Otelo”, de William Shakespeare
1956 – “A Viúva Astuciosa”, de Carlo Goldoni
1956 – “Entre Quatro Paredes”, de Jean-Paul
Sartre
1957 – “Frankel”, de Antônio Callado
1957 – “Esses Maridos”, de George Axelrod
1957 – “A Ilha das Cabras”, de Ugo Betti
1957 – “Natal na Praça”, de Henry Ghéon
1957 – “Negócios de Estado”, de Louis
Verneuil
1958 – “Calúnia”, de Lillian Hellman
1959 – “Lisbela e o Prisioneiro”, de Osman
Lins
1959 – “Olho Mecânico”, de A.C. Carvalho
1959 – “Seis Personagens à Procura de um Autor”,
de Luigi Pirandello
1960 – “Dois na Gangorra”, de William Gibson
1960 – “Fim de Jogo”, de Samuel Beckett
1960 – “Hoje Comemos Rosas”, de Walmir Ayala
1961 – “Um Castelo na Suécia”, de Françoise
Sagan
1961 – “Tiro e Queda”, de Marcel Achard
1962 – “My Fair Lady”, de George Bernard Shaw,
Frederick Loewe e Alan Jay Lerner
1964 – “Depois da Queda”, de Arthur Miller
1965 – “Liberdade, Liberdade”, de Millôr
Fernandes e Flávio Rangel
1966 – “A Dama do Maxim's”, de Georges
Feydeau
1967 – “Édipo Rei”, de Sófocles
1968 – “O Burguês Fidalgo”, de Molière
1969 – “Morte e Vida Severina”, de João
Cabral de Melo Neto
1970 – “Brasil e Cia.”, de de Armando Costa, Ferreira
Gullar, Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho
1970 – “Macbeth”, de William Shakespeare
1971 – “As Sabichonas”, de Molière
1971 – “Só porque Você Quer...”, de Luigi
Pirandello
1972 – “Em Família”, de Oduvaldo Vianna Filho
1972 – “O Homem de La Mancha”, de Dale
Wasserman, baseado em Cervantes
1973 – “Coriolano”, de William Shakespeare
1974 – “Dr. Knock”, de Jules Romains
1975 – “Equus”, de Peter Shaffer
1976 – ‘A Morte do Caixeiro Viajante”, de
Arthur Miller
1979 – “Pato com Laranja”, de William Douglas
Home
1981 – “O Homem Elefante”, de Bernard
Pomerance
1982 – “Traições”, de Harold Pinter
1983 – “A Amante Inglesa”, de Marguerite
Duras
1984 – “É Tudo a Rooubar”, de Eduardo Dams e
Carlos Coelho (em Portugal)
1985 – “Tartufo”, de Molière
1985 – “Feliz Páscoa”, de Jean Poiret
1987 – “Tributo”, de Bernard Slade
1988 – “Solness, o Construtor”, de Henrik
Ibsen
1988 – “Quadrante”, texto e direção do próprio
Autran
1989 – “A Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht
1993 – “O Céu Tem que Esperar”, de Paul
Osborn
1994 – “A Tempestade”, de William Shakespeare
1995 – “As Regras do Jogo”, de Noel Coward
1996 – “Rei
Lear”, de William Shakespeare
1997 – “Para Sempre”, de Maria Adelaide
Amaral
1999 – “O Crime do Dr. Alvarenga”, de Mauro
Rasi
2000 – “Visitando o Sr. Green”, de Jeff
Baron, com Cássio Scapin
2002 – “Variações Enigmáticas”, de
Eric-Emmanuel Schmitt
2005 – “Adivinhe quem Vem para Rezar”, de Dib
Carneiro Neto com Claudio Fontana
2006 – “O Avarento”, de Molière
No cinema
1952 – Appassionata
1953 – Uma Pulga na Balança
1953 – Destino em Apuros
1954 – É Proibido Beijar
1967 – Terra em Transe
1987 – O País dos Tenentes
1988 – Fogo e Paixão
1999 – Oriundi
1999 – Tiradentes
2006 – A Máquina
2006 – O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
2007 – O Passado
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Fernanda Montenegro e Paulo Autran na novela Guerra dos Sexos |
Na televisão
1960 – Gabriela, Cravo e Canela .... Tonico Bastos
1979 – Pai Herói .... Bruno Baldaracci (Nuno)
1981 – Os Imigrantes .... Paco Valdez
1983 – Guerra dos Sexos .... Otávio (Bimbo) / Dominguinhos
1987 – Sassaricando .... Aparício Varella
1990 – Brasileiras e Brasileiros
1998 – Hilda Furacão (minissérie) .... padre Nelson
1999 – Você Decide (episódio O
Tesouro da Juventude) .... Custódio
2004 – Um Só Coração (minissérie) .... ele próprio
No rádio
1957 – Quadrante, programa de cinco minutos da Rádio MEC em que lia crônicas.
de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Dinah Silveira de Queiroz,
uma para cada dia da semana. Ia ao ar às oito horas da noite, e era repetido no
dia seguinte, ao meio-dia. Era um dos programas de maior audiência da emissora.
2007 – Quadrante, onde durante a programação da Rádio BandNews
interpretava textos de renomados nomes da literatura em língua portuguesa.
Alguns prêmios
1953 – Prêmio Saci de melhor
intérprete por Antígone, Na Terra Como No Céu e Assim É...(Se Lhe Parece).
1964 – Prêmio APCT, de melhor
ator por Depois da Queda, de
Arthur Miller.
1982 – Prêmio Molière de
melhor ator por Traições, de
Harold Pinter.
1987 – Prêmio de melhor ator
no Festival de Brasília pela interpretação no filme O País dos Tenentes
1988 – Prêmio Air France de
melhor ator pela interpretação no filme O
País dos Tenentes
1989 – Prêmio APETESP especial
pelos 40 anos de profissão.
2000 – Prêmio APCA e Prêmio
Shell de melhor ator de teatro por Visitando
o Sr. Green, de Jeff Baron.